
(Nota: elefante tem duplo significado, no treino da mente representa a Mente.)
Bem-vindos a este cais de embarque! Se chegaram até aqui é porque vos move, no mínimo, uma leve curiosidade pelo exótico ou alternativo.
No máximo, já não conseguem ignorar o “elefante na sala” da vossa casa e também não conseguem convencê-lo a sair pelos meios que têm usado.
E o “animal” cresce a cada dia que passa…
Toda a viagem começa algures. Por isso, deixem-me explicar-vos o “COMO” — COMO era a minha vida, COMO fiquei doente e quase me perdi, finalmente, COMO me resgatei, abraçando a mudança como quem abraça uma bóia de salvação.
Falar em como me salvei parece-vos exagero? Desenganem-se desde já.
Se o caminho é muito simples e inclui ajudas, é certo que terão de o fazer pelos vossos próprios pés: uns dias vão correr muito bem, outros dias, nem por isso.
O único requisito é não desistir, NÃO DESISTIR até chegarem à vossa meta que é, na verdade, o vosso estado mais natural, ser equilibrado e feliz.
Vou passar a contar-vos como transformei o “meu elefante selvagem” de estimação. Estou certa que encontrarão aspectos familiares na história que vou partilhar convosco. Espero que vos sejam úteis.
A MINHA VIDA ANTERIOR NO MUNDO CORPORATIVO
Em tempos que já lá vão, mais precisamente em 1996, comecei a minha vida profissional numa agência de eventos, como responsável pelo planeamento logístico e recrutamento de colaboradores para eventos e acções promocionais, as chamadas acções “below the line”, agora “activações de marca”.
Sentia-me feliz e gostava genuinamente do que fazia. O trabalho era intenso, é certo, mas a empresa era exemplar na forma como fomentava a cooperação e espírito de equipa. Éramos produtivos e empenhados, unidos como os 3 mosqueteiros – um por todos e todos por um. Tão unidos que mantenho o contacto com muitos dos colegas e colaboradores dessa época.
Foram 4 anos intensos, de muita aprendizagem e crescimento pela positiva. Imaginem que há 25 anos trabalhávamos com um ambiente e dinâmica semelhante ao que encontramos hoje nas startups e Fintechs desta vida. Já naquele tempo, tínhamos actividades lúdicas no escritório e no exterior, sessões de partilha de conhecimentos entre colaboradores. Os temas iam desde a conversação em inglês e francês a aprender a optimizar a utilização do Word e Excel. Os sócios eram uns jovens empreendedores, muito à frente para a época, uns visionários.
Ali, eu era feliz e sabia-o. Como diz Confúcio: “Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás de trabalhar nem um dia da tua vida.” Aqui tenho que discordar um pouquinho e adaptar para: escolhe uma equipa que é a tua vibe e encontras a tua tribo para trabalhar, independentemente das dificuldades. E eram muitas e diárias. Mas o espírito de equipa estimulava a criatividade e capacidade de encontrar soluções.
DO SONHO AO PESADELO
Em meados de 2000, fui surpreendida com o convite para integrar uma das maiores agências de publicidade do Porto. Desafio feito, desafio aceite.
Implementar do zero e pôr a funcionar um departamento de eventos dentro da agência. Era uma excelente oportunidade para aprender muito mais (assim pensava eu), já que se tratava de uma estrutura maior, mais madura, com mais experiência do mercado. Não hesitei e aceitei este emprego de sonho, ansiosa por aprender mais e progredir na carreira.
É verdade que aprendi imenso, mas pela negativa. Rapidamente o sonho se revelou um pesadelo e o trabalho deixou de ser um prazer para se transformar num fardo.
Aprendi o conceito de gestão baseado na competição interna, no dividir para reinar. Rapidamente o cenário passou a incluir acumulação de mais funções para além da original, excesso de projectos para gerir em simultâneo, que podiam estar a acontecer em zonas geográficas tão distantes quanto Bragança e Vila Real de Sto António.
Para além do acompanhamento ao cliente, planeamento estratégico, gestão das equipas multidisciplinares para cada evento, o evento em si, tem uma preparação no local que inclui várias fases. Por muito que se queira delegar, há momentos chave em que é preciso estar presencialmente.
Só quem já organizou um evento pode entender. Eu dou um exemplo familiar para quem organizou a sua festa de casamento: imaginem como seria organizar 10 a 15 bodas em simultâneo para casais diferentes, com gostos, detalhes e orçamentos diferentes, pormenores a ajustar sempre que necessário, em contra-relógio. Esse era o meu dia-a-dia.
Por esta altura, é bem provável que muitos de vocês estejam a reconhecer este cenário como familiar: infelizmente, este é um lugar-comum no mundo empresarial, qualquer que seja o sector. O funcionário canivete-suiço e malabarista – faz tudo e várias coisas ao mesmo tempo ao” pé coxinho”.
Para além do ambiente tóxico, conhecem o enredo típico do espírito do “despachar rapidamente a batata quente para o próximo”, do “quero lá saber, o último que feche a porta”, tudo permeado por complôs, coscuvilhice e conspirações internas acerca de tudo e mais alguma coisa. O erro morre sempre solteiro, a não ser que o erro seja útil para ajudar a abater um alvo mais fraco. Quando alguém se recusa a entrar neste jogo, é literalmente “encostado” – fica sem tarefas, sem contactos, isolado da equipa, numa manobra para levar a pessoa a despedir-se. Quantas histórias destas não conhecemos?
Esta mentalidade só pode classificar-se como mesquinha. Então por que motivo continua a prevalecer em tantos locais de trabalho, ainda hoje?
Revisão: Cecília Maia