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NO TECTO DO MUNDO ⛰

#02 Diário de viagem

No Tecto do Mundo

Photo by AnirMitra on Pixarbay

No sopé dos Himalaias

Cheguei a Manali com o sol já bem alto. Esta pequena vila no sopé dos Himalaias lembra o Gerês, só que rodeada de montanhas versão XXL. Tinha superado mais um teste à minha paciência e resistência.

A central de camionagem é bem no centro da vila. Quando desci do autocarro, nem sabia usar as pernas, depois das 22 horas de viagem para percorrer menos de 600 km com as pernas encolhidas. Eu que reclamava das longas viagens Porto-Algarve…

Sim, há outro aspecto que me atormentou a viagem toda. Bugs! Baratas do tamanho de elefantes e outros seres rastejantes passeavam-se pelo chão do autocarro. Solução de“backpacker”? Prender as calças nas meias, à ciclista e não pousar os pés no chão.

Quando chegou a minha vez, saltei de pés juntos. Nem queria acreditar, enterrei as sapatilhas no lamaçal do apeadeiro. Entre fumo negro dos escapes, vacas a deambular serenamente pelo meio, o alvoroço de turistas e os locais a oferecer serviços vários, lá consegui recuperar o meu mochilão da bagageira imunda do autocarro. Esperava-me mais uma manobra de equilibrista para colocar a mochila nas costas de tão pesada que estava.

Estava exausta, mas tão entusiasmada que resolvi meter pés ao caminho à procura de Aléo, local onde ficava a escola budista para onde ia. Numa lojinha ao lado da estação de camionagem, informaram-me que Aléo era na outra margem do rio Beas, só tinha de atravessar a ponte.

Rio Beas – ponte entre New Manali e Aléo

Porém, não seria desta vez que faria o percurso a pé. Estáva demasiado cansada e carregada para fazer os derradeiros quilómetros a pé. Felizmente, os monges estavam à minha espera numa carrinha-táxi tipo Hiace – o transfer fazia parte do serviço contratado em Portugal – 50€ incluía pick up no aeroporto de Deli, alojamento na guest-house, bilhete bus Deli-Manali, drop off no bus e transfer da estação em Manali até Aléo.

Sem as viagens de avião, a aventura de um mês nos Himalaias rondou os 600€ (curso, alojamento e alimentação). E ainda fiz mais um curso de massagem Ayurveda no tempo livre que tinha entre as 11h00 e as 16h00.  

Entrada principal – Hotel Shambala

Quando cheguei à escola, não havia ninguém. Pousei a bagagem e fui com um monge procurar alojamento. As primeiras noites, fiquei no único hotel que havia em 2005 perto da Escola – Hotel Shambala

Depois de instalada, resolvi voltar à vila, pois o curso começa amanhã e parece que não vamos ter muito tempo livre. Agora só falta fazer uma faxina na casa de banho do hotel; comprei o material didáctico necessário – vassoura, esfregões, palha-de-aço, luvas e sabão. Muito sabão, também da roupa, tanto os lençóis como as toalhas do hotel precisam de uma barrela segundo os padrões europeus.

Himanshu à porta do Café Amigos

No centro de New Manali, mesmo em frente à estátua de Pandita Nehru (o 1º Primeiro-ministro Indiano tinha Manali como destino de férias preferido) fica uma “German Bakery” como ponto de encontro de turistas e posto de comunicação com a família, uma “chai shop” com Internet, chamada Café AMIGOS, espaço onde a palavra “limpeza” não é um conceito totalmente desconhecido, Himanshu, o dono esteve emigrado na Europa.

Tashi delek

Até ao próximo episódio das minhas aventuras nos Himalaias!

Revisão: Cecília Maia